"Palpites" na maternidade e o papel da Psicologia Perinatal na construção do discernimento materno
- Vânia Cristina
- 15 de out.
- 2 min de leitura
Quando o mundo acha que pode maternar por você

Por algumas vezes, vivi situações com pessoas desconhecidas que me fizeram voltar para casa com um misto de sentimentos e muitos pensamentos na cabeça.
Desta vez, eu carregava um dos meus filhos no sling, coladinho em mim, dormindo profundamente. E, de repente, percebi olhares e mãos se voltando para nós. Algumas pessoas se aproximavam querendo tocar, outras só opinar e me corrigir. Diziam que ele devia estar com calor, que parecia apertado ali dentro.
Eu me sentia abismada não só com o nível de intromissão, mas com o quanto o simples ato de maternar em público parece dar ao mundo o direito de nos invalidar.
E naquele instante, entendi que proteger meus filhos também significava me proteger dos palpites.
Palpite não é cuidado
Muitas vezes, os palpites chegam sem serem pedidos, carregados de julgamentos e da ideia de “eu fiz assim e deu certo com meus filhos." Eles invadem o espaço da mãe, tiram o fôlego e podem fazer com que ela duvide de si mesma.
Já a opinião, quando vem de um lugar genuíno, surge de outro modo: é compartilhada quando pedimos, com cuidado e carinho, como uma mão amiga oferecendo suporte e não como uma imposição.
O impacto emocional dos palpites
Esses comentários constantes podem gerar insegurança, irritação e até raiva. Para mulheres que já se sentem fragilizadas, podem vir acompanhados de culpa — aquela sensação de não estar dando conta, mesmo quando estão fazendo tudo certo.
É nesse vai-e-vem de emoções que surge a necessidade de construir um lugar interno seguro, onde a mãe possa confiar em seu próprio julgamento.
A importância do apoio psicológico
É aí que a Psicologia Perinatal entra.
Ela oferece psicoeducação e informações qualificadas que ajudam a mulher a compreender suas ambivalências e inseguranças.
Esse apoio permite que a mãe se aproprie da própria maternagem, entenda os benefícios de determinadas práticas e, principalmente, ouça seu próprio coração.
Mesmo em meio aos palpites do mundo, é possível encontrar o centro e descobrir que seguir as próprias intuições não é apenas possível — é o melhor caminho para maternar.
Escutar a si mesma é um ato de amor
Com as informações certas, você pode se proteger e colocar limites aos efeitos dos palpites, aprendendo a diferenciar o que é invasivo do que é cuidado verdadeiro.
Reconhecer essa diferença não é apenas um ato de autoconfiança, mas um gesto de amor por você e pelo seu bebê.
Espero que, ao ler estas palavras, você se reconheça e perceba que não está sozinha e que buscar apoio profissional pode ser um caminho seguro para fortalecer seu discernimento materno.
Que você se permita ouvir, confiar no seu instinto e se posicionar com coragem e carinho, construindo uma maternidade que respeite tanto seus filhos quanto você mesma.
Com carinho,
Vânia C.




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