O vínculo tem muitos caminhos para acontecer
- Vânia Cristina
- 6 de jun.
- 2 min de leitura

Muito se fala sobre o aleitamento materno como o principal momento de conexão entre mãe e bebê. De fato, o leite materno é o melhor alimento para o bebê, especialmente nos primeiros seis meses de vida. Mas é importante lembrar: o vínculo não nasce só do leite.
O vínculo se forma apesar da amamentação
Mesmo quando o aleitamento não acontece como o esperado, o vínculo continua possível. Ele se constrói no toque amoroso durante a troca de fraldas, no tom de voz usado nas conversas com o bebê, nos risos compartilhados nas brincadeiras, no olhar profundo, no banho dado com calma, no embalo para dormir.
Presença é mais do que disponibilidade física. Presença verdadeira envolve intenção: demonstrar afeto, oferecer respostas conscientes e acolhedoras, estar ali com o coração, não apenas com o corpo.
É preciso reconstruir o lugar do vínculo
Nem sempre a maternidade segue o roteiro idealizado. Quando a amamentação não se dá como o desejado, muitas mulheres se sentem frustradas, envergonhadas ou culpadas. Comparações surgem, reforçadas por discursos sociais que ainda romantizam a ideia da "mãe perfeita".
Essas dores precisam ser acolhidas e ressignificadas com respeito. Cada mulher será atravessada pela forma como foi cuidada na infância, pela história familiar, pelas expectativas do seu núcleo social e pelos padrões que reforçam estereótipos inatingíveis.
Precisamos reconstruir o lugar do vínculo não como substituto da amamentação, mas como um caminho legítimo, humano e potente de conexão entre mãe e bebê.
A mãe suficientemente boa
A "mãe perfeita" é um ideal inalcançável. Em vez disso, podemos buscar o que Donald Winnicott chamou de "mãe suficientemente boa" — aquela que está atenta às necessidades do bebê e responde de maneira sensível e adequada, sem se anular ou estar excessivamente presente.
Esse é um caminho possível e saudável para a construção do vínculo. E muitas vezes, esse caminho passa pela escuta profissional.
O espaço seguro de fala e acolhimento
A escuta terapêutica oferece à mulher um espaço seguro, sem julgamentos, onde ela pode nomear seus sentimentos, dar lugar à raiva, à tristeza, à culpa — emoções legítimas que merecem ser acolhidas.
Ressignificar não significa esquecer, mas sim dar um novo lugar à experiência dentro da sua história. Um lugar com sentido, aprendizado e, sobretudo, afeto.
Existem muitos caminhos para o amor
Há muitas formas de construir o vínculo entre mãe e bebê. Há muitas maneiras de demonstrar amor. O vínculo se constrói no cotidiano, na presença amorosa, no toque, no olhar.
Se essa experiência te trouxe dor, frustração ou dúvidas, talvez seja hora de falar sobre isso. Você não precisa viver isso sozinha. Acolher a mulher e suas múltiplas maternagens é parte do meu trabalho.
Sua história importa e merece ser contada com verdade, cuidado e acolhimento. Com carinho, Vânia C.




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