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Amamentar é mais que nutrir.

Um olhar sensível sobre vínculo, escolhas e o corpo da mulher na maternidade
Um olhar sensível sobre vínculo, escolhas e o corpo da mulher na maternidade

A amamentação nos atravessa de muitas maneiras.

Nosso corpo, por vezes, é visto apenas como um instrumento funcional — útil para nutrir o bebê — e o ato de amamentar se torna um “dever” materno, mais do que uma relação viva entre mãe e filho.

Mas precisamos ir além da ideia de nutrição. Não podemos reduzir a conversa sobre amamentação a nutrientes, tempo e prazos.

Entre o peito e a boca, existe uma história sendo construída. Uma relação humana, íntima e transformadora está se formando.

Amamentar: presença, intimidade e desejo

Amamentar um bebê não é só alimentar. É também um processo que exige entrega, limites, presença, cansaço e escuta — tanto da mãe com seu bebê quanto de si mesma.

Esse caminho pode incluir:

  • dor física e emocional, especialmente no início;

  • ambivalência entre prazer e exaustão;

  • conexão profunda e, às vezes, frustração;

  • renúncias: descanso, disponibilidade emocional, espaço próprio.

Cada experiência de amamentação é única e íntima. Carrega consigo a história daquela mulher, sua cultura familiar, suas vivências, e o contexto social em que ela está inserida.


Na clínica: vínculo e verdade

Na prática clínica, observo que a amamentação é uma potente oportunidade de conexão emocional entre mãe e bebê. Mas isso não exclui as dificuldades.

O enfrentamento das dores físicas, a exaustão e o peso das expectativas sociais estão sempre presentes.

Não é raro escutar queixas sobre o desgaste diante da frequência com que o bebê demanda o peito.

E é importante dizer: nem sempre essa busca é por leite.

Muitas vezes, o bebê está procurando acolhimento, cheiro, contato, aconchego emocional.


Quando a idealização encontra a realidade

Idealizamos a amamentação como algo natural, mágico e fluido. Mas, quando a realidade se impõe — com suas dores, desafios e limites — sentimentos como raiva, frustração e culpa podem surgir.

É aqui que muitas mulheres se sentem inadequadas. É aqui que precisamos lembrar: amamentar é uma escolha.


Recomendação, não obrigação

A OMS recomenda a amamentação exclusiva até os 6 meses, podendo ser prolongada até os 2 anos ou mais.

Mas:

  • nem toda mulher pode amamentar;

  • nem toda mulher deseja amamentar;

  • e nem toda mulher consegue amamentar da forma que gostaria.

Essas realidades precisam ser acolhidas, informadas e não julgadas.

Cada universo materno é único, deve ser olhado desta maneira e se houver abertura, deve ser explorado em um espaço terapêutico seguro.


Pressão, sobrecarga e culpa

A pressão para “dar conta” de amamentar é enorme. Ela sobrecarrega, isola e pode causar sofrimento — às vezes, até raiva do próprio ato de amamentar.

Esse sentimento é comum e legítimo. O que falta não é amor. O que falta é rede de apoio, informação, escuta e políticas públicas que sustentem essa mulher.


Amamentar é aprendizado

Amamentar não é instintivo para todas as mulheres, nem para todos os bebês.

É um processo que se constrói dia a dia .E, assim como cada maternidade é única, cada vínculo também é.


Toda experiência merece ser ouvida

Amamentar é mais que nutrir. É história, afeto e encontro.

É uma jornada que fala do corpo, das emoções e das escolhas de cada mulher.

Toda experiência merece ser escutada com respeito e sem julgamento — seja ela qual for.

Que a gente possa falar cada vez mais sobre a realidade da amamentação — com menos culpa e mais verdade. Com carinho, Vânia Cristina 06/67085




 
 
 

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